domingo, 30 de janeiro de 2011

estação bolívia: jorge sanjinés



Assisti hoje, domingo, Para recibir el canto de los pájaros, do destacado cineasta boliviano Jorge Sanjinés. A exibição fez parte do “Ciclo de Cine” organizado pela Embaixada da Venezuela na Bolívia em homenagem a Sanjinés. Foram quatro filmes seus exibidos ao longo da semana. Cheguei a tempo apenas deste. Já tinha assistido outros dois, mas em condições bastante precárias pela qualidade das cópias que tinha.

Sanjinés é um dos principais nomes do cinema político latino-americano, considerado um dos fundadores do cinema contemporâneo boliviano. Mas no Brasil, mesmo em círculos interessados, sua obra é pouco conhecida. Para recibir el canto de los pájaros, de 1995, é seu penúltimo filme, nele ele mantém sua preocupação fundamental: o desenvolvimento de um cinema comprometido com os grupos subalternos do país andino, e de maneira especial, com os grupos indígena-campesinos.

Em Para recibir el canto de los pájaros Sanjinés “traça um paralelo entre o momento de choque brutal entre os espanhóis desembarcados na América e a civilização originária, com o preconceito e as formas de discriminação atuais” (Cinemateca Boliviana, 1997). O filme conta a história de uma equipe de cineastas bolivianos que começa a rodar um filme sobre a conquista espanhola. A proposta é realizar uma obra com perspectiva crítica. Mas logo que iniciam seus trabalhos numa distante comunidade indígena-camponesa experimentam uma situação de incomunicabilidade com a cultura, com as tradições do lugar. Não conseguem envolver os indígenas nas filmagens e não entendem a recusa. O nível incomunicabilidade e de tensão cresce entre os dois grupos e leva a equipe de cineastas, de maneira explosiva, a reproduzir as mesmas atitudes e preconceitos que eles criticam na conduta dos conquistadores no filme que realizam.

O filme traz situações muito próximas das vividas pelo próprio Sanjinés quando rodava outro filme, e que certamente inspiraram a elaboração deste. Comento noutro momento.