terça-feira, 5 de julho de 2011

poema de Alberto da Cunha Melo

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CANTO DOS EMIGRANTES



Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.

De uma quadra a outra
do tempo,
de uma praia a outra
do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.

Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos, para sempre
todos emigram.

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poema de poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo (1942-2007), do livro Noticiário, de 1979, disponível em edição eletrônica comemorativa dos 40 anos de atividade literária do poeta em 2006. O livro pode ser acessado na íntegra clicando aqui. 
 
o poema Canto dos Emigrantes foi selecionado por José Nêumanne Pinto para compor a antologia Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século, publicado 2001. E musicado pelo Cordel Fogo Encantado.
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