terça-feira, 2 de setembro de 2008

Poema de Frederico Barbosa

Desexistir


Quando eu desisti
de me matar
já era tarde.

Desexistir
já era um hábito.

Já disparara
a auto-bala:
cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.

Já me queimara.

Pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.

Quando eu desisti
não tinha volta.

Passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.



FREDERICO BARBOSA
poema do livro Contracorrente (2000)

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