terça-feira, 2 de setembro de 2008

Poema de Donizete Galvão

Livro de cabeceira


Rói as unhas,
os cantos dos dedos
e os nós da mão
até que doer
seja uma forma
de esquecimento.
Lanha-se com
caco de vidro
cada pedaço da pele
para que se auto-revele
a urdidura de cicatrizes,
incunábulo, xilogravura,
esgar de máscara:
a dor como escritura.



DONIZETE GALVÃO
poema recolhido da antologia na virada do século: poesia de invenção no brasil (2002), organizada por Frederico Barbosa e Cláudio Daniel

2 comentários:

Priscila Lopes disse...

Excelente poema. Os elementos escolhidos lhe deram força, com aliterações bem encaixadas, além da abordagem criativa.

Apareça no Cinco Espinhos.

Ah... braços!

Anônimo disse...

Vamberto:
Valeu ter passado lá no Duelos!
Quando quiser participar, estamos de páginas abertas!
Um enorme abraço!