segunda-feira, 27 de junho de 2011

divulgando

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EXERCÍCIOS DE ADMIRAÇÃO
Conversas com gente do pensamento e da criação artística

Exercícios de admiração é título de um livro em que o filósofo romeno Cioran (1911–1995) desenvolve perfis de escritores e pensadores de sua admiração, tais como Beckett, Michaux, Jorge Luís Borges, Joseph de Maistre, Mircéa Eliade, Saint-John Perse e Fitzgerald. Na linha do filósofo inspirador, os nossos Exercícios praticam a provocação intelectual focada na obra e no pensamento da pessoa convidada.

EXERCÍCIO II

CONVIDADO
Poeta Almir Castro Barros – autor de Estações da viagem (1975), Os cães da sina (1979), Ritmo dos nus (1992),O lugar da alma (1999), Ardentias (2006) e Um beijo para os crocodilos (2009).

TEMAS
Vida e obra do autor, companheiros de viagem intelectual, linguagens da poesia, entre outros.

MEDIAÇÃO
Pedro Américo de Farias
Wilson Araújo de Sousa.

QUANDO
29 de junho de 2011 – 19 às 21h

ONDE
Poty Livraria
Rua do Riachuelo, 202 / esquina Sete de Setembro
Boa Vista – Recife – PE.

A livraria conta com um pequeno e aconchegante Café.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

poemas de ferreira gullar

Primeiros Anos


Para uma vida de merda
nasci em 1930
na Rua dos Prazeres

Nas tábuas velhas do assoalho
por onde me arrastei
conheci baratas formigas carregando espadas
caranguejeiras
                     que nada me ensinaram
exceto o terror

Em frente ao murro negro do quintal
as galinhas ciscavam, o girassol
gritava asfixiado
           longe longe do mar
           (longe do amor)

E no entanto o mar jazia perto
detrás de mirantes e palmeiras
embrulhado em seu barulho azul

E as tardes sonoras
rolavam claras sobre nossos telhados
sobre nossas vidas.
                           E do meu quarto
eu ouvia o século XX
farfalhando nas árvores da quinta.

Depois me suspenderam pela gola
me esfregaram na lama
me chutaram os colhões
e me soltaram zonzo
em plena capital do país
sem sequer uma arma na mão.



Poema obsceno



       Façam a festa
                cantem e dancem
       que eu faço o poema duro
                                      o poema-murro
                                      sujo
                                      como a miséria brasileira
       Não se detenham:
       façam a festa
                            Bethânia Martinho
                            Clementina
       Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
       gente de Vila Isabel e Madureira
                                                     todos
                                                     façam
       a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
                                     este surdo
                                          poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
         Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
         o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
         - e espreitam.


> poemas do NA VERTIGEM DO DIA, de 1980. Um dos livros de poemas de Ferreira Gullar que mais me comovem.

terça-feira, 21 de junho de 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

poema de bruno gaudêncio

 
> exercícios de observação improvável I 2011 
 



















OSSOS
                   Para Vamberto Spinelli Jr.

 
acaso
caos
nossos
ossos
são
sons?

são caos
os casos,
os ossos
sós?

o caos,
acaso,
a casa…

>
Agradeço a Bruno pela dedicatória, e a recebo como uma disposição fraterna de diálogo poético. O poema foi postado no blog do grupo Caixa Baixa que conta com a participação de Bruno. 
+ aqui <  


divulgação

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Exercícios de Admiração
conversas com gente do pensamento e da criação artística

Exercício I

convidado:
Gilvan Lemos, romancista e contista.

temas:
vida e obra do autor, companheiros de viagem intelectual, lingaguens da ficção, entre outros.

mediação:
Pedro Américo de Farias
Wilson Araújo de Sousa

quando:
15 de junho, das 19 às 21 horas.

onde:
Potylivros
Rua do Riachuelo, 202, esq. 7 de setembro
Boa Vista
Recife-PE

poemas de linaldo guedes

SANHAUÁ

o sanhauá
sangra de paixão pela paraíba

e a paraíba
faz um círculo em torno do sanhauá

- onde ecoa o assovio do tempo que se arrasta.


HIPÓTESE

e se eu te amasse
como um pássaro
ama a gaiola que o prende?


EQUÍVOCO

um lápis
e um papel em branco
resumem o segredo de minha vida:

uma palmeira imperial
que cresceu
no século errado.

> Poemas do livro os zumbis também escutam blues e outros poemas, de 1998.

Reli o Zumbis..., primeiro livro de Linaldo Guedes, neste último fim de semana, e já ia publicar alguns de seus poemas aqui. Depois, soube que esta semana Linaldo festeja mais um ano de vida, então a postagem vem a calhar também por este contexto especial. Sou muito grato a Linaldo, foi ele quem primeiro, fora do círculo das amizades complacentes, me incentivou na tocada da literatura, publicando poemas meus no Correio das Artes quando era editor desde importante suplemento/revista literária. Anos depois escreveu uma generosa apresentação para o Sem Lugar. Linaldo além de bom poeta é um militante da literatura, e sempre com espírito aberto vem arejando as letras paraibanas.        

segunda-feira, 6 de junho de 2011

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para iniciar mais uma semana, sempre cheia, sem brechas, deixo Lenine cantando Paciência.



poema de Claudia Roquette-Pinto

POEMA SUBMERSO


olho: peixe-olho que
desvia a mão enguia
a pele lisa a
té o umbigi e logo
a flora de onde aflora
(na virilha) o
barbirruivo a
ceso bruto an
fíbio: glabro

dedos tão tentáculos
e crispam esmer
ilham dorso abaixo a
cima abaixo brilha
o esforço - bravo
peixe tentando escapar         mas

ei-lo ao pé da frincha que
borbulha (esbugalha?)
roxo incha e mergulha em
brasa estala
e agora murcha
peixe-agulha e
vaza
vaza


>
poema de claudia roquette-pinto encontrado na antologia na virada do século: poesia de invenção no brasil (2002), organizada por claudio daniel e frederico barbosa.

+ da poeta aqui < 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

poema do Sem Lugar


pintura do equatoriano Oswaldo Guayasamín
 TAMBOR RUBOR


sob tanta carne vestido pêlos
soube
antevi por dentro
ultra-delicada cada apelo seu

tão gesto
de mão supercílios dentes
boca e outras brechas
ultra-delicadas frestas
entre carnes
molhadas rompendo
silenciosamente
sob vestido pêlos

terminados os apelos
entre pêlos
ficamos

ultra-delicada
mente

>poema do meu livro SEM LUGAR (2007).
abaixo uma tradução minha do poema para o espanhol

pintura do equatoriano Oswaldo Guayasamín


TAMBOR RUBOR


bajo tanta carne vestido pelos
supe
anteví por dentro
ultra-delicado cada reclamo suyo

tan gesto
de manos cejas dientes
boca y otras brechas
ultra-delicadas rendijas
entre carnes
mojadas rompiéndose
silenciosamente
bajo vestidos pelos


terminados los reclamos
entre pelos
quedamos

ultra-delicada
mente